Gostaria que você pensasse por um instante em uma situação ou algo que exigisse uma resposta rápida do governo. Sei que é difícil para nós brasileiros pensar sobre essas coisas, mas se habitássemos em países que estão sujeitos a terremotos, maremotos ou furacões, provavelmente teríamos pensado em algo assim.
Nossa sociedade está se tornando não apenas mais complexa e interconectada, mas também cada vez mais vulnerável e exposta, sendo que esta vulnerabilidade veio à tona. O mundo está confrontando um desafio completamente novo e diferente, não é uma ameaça temporária da natureza, mas um vírus terrivelmente eficiente, e seu ataque parece ser prolongado.
Essa nova crise difere significativamente de outras do passado das seguintes formas: 1) está acontecendo em uma escala inesperadamente grande; 2) é nova e sem precedentes – pelo menos em sua combinação incomum; e 3) sua natureza não conhece fronteiras, o vírus está se espalhando entre países, estados, cidades e até mesmo nos lugares mais remotos. Além disso, não conhece fronteiras organizacionais (ocorre em múltiplas organizações, administrações, setores, público e privado).
As profundas incertezas geradas têm provocado tensões entre o setor público e o privado, que acabam exigindo um nível complexo de gestão. Assim, precisamos entender que o novo coronavírus não descansa, exigindo, assim, uma resposta de todos, mas principalmente dos gestores públicos.
O gestor público precisa estar atento, focado e vigilante, pois a pandemia é o problema de maior urgência e singularidade no atual momento. Para enfrentar as dificuldades geradas pelo novo coronavírus, o gestor deve concentrar-se no planejamento da ação, para estar preparado e dar respostas a emergências quando elas surgirem. Deve fazer uso da ciência e tecnologias para uma melhor compreensão da exposição do ambiente, das vulnerabilidades da população e do uso dos ativos econômicos e recursos necessários para a ação.
O gestor precisa, nesse momento, incorporar políticas de prevenção (como isolamento social, uso de máscaras, uso de álcool em gel, dentre outros procedimentos) para reduzir a exposição e a vulnerabilidade. Mas também deve avaliar os possíveis cenários pós-pandemia, como será a reconstrução e recuperação econômica da sociedade. Bem como mecanismos para incorporar as lições aprendidas após a crise.
Porém, existem outras realidades que também demandam atenção do gestor público, como demais casos de saúde, educação, desemprego, população vulnerável, infraestrutura, economia, serviços gerais, dentre outros.
Uma coisa é certa, nesse momento os gestores públicos estão lidando com uma crise global em rápida mudança, com impactos locais e são forçados a fazer escolhas difíceis com base em informações limitadas.
Este cenário mostra-se extremante desafiador aos gestores públicos no tocante ao equilíbrio do tripé: responsabilidade social (e no momento é o que demanda mais atenção), economia e contas públicas. De um lado, temos um “derretimento” imediato e, ao que tudo indica, duradouro, da arrecadação corrente. De outro, a demanda expressiva e inesperada por despesas relacionadas ao enfrentamento da pandemia e ainda das demais áreas em decorrência das prioridades e certamente da crise financeira que a acompanhará.
Mas lembre-se, a velha máxima vale aqui, “Uma longa viagem começa por um passo”. Como gestor, não fique parado, dê o primeiro passo. Como diz um provérbio chinês: “Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco para chegar onde quer”.
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Raul de Freitas Balbino - Doutor em Educação, Mestre e Graduado em Administração é professor da UFU - Universidade Federal de Uberlândia, FAGEN - Faculdade de Gestão e Negócios.
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